Wednesday, March 30, 2011

Um poema diferente...



Vale a pena ver.
Kseniya Simonova foi a vencedora da edição Ucraniana do Got Talent.
Na final, ao vivo, fez uma animação da invasão da Alemanha na Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial, tendo usado os dedos e uma superfície com areia.
Foram 8 minutos maravilhosos que demonstraram um talento especial e trouxeram, através da arte, a memória viva de uma guerra que marcou várias gerações.

Monday, March 28, 2011

Pele de mim


Para sempre, a voz do vento. Que se atira contra o teu peito quando a serra está em frente. Para sempre, na eternidade das palavras. Que te nascem do olhar e te escorrem dos dedos em sangue quente. Fervente. Docemente. Desaguando no rio. Em constante desafio...


Pele de mim...



Saturday, March 26, 2011

Friday, March 25, 2011

Olha-me


Olha-me nos olhos e fala. Deixa sair esse nó que te aperta a garganta. Fala. Grita. Olhando-me nos olhos. Deixa cair as lágrimas que te salgam o coração. Estou cansada do teu silêncio. E da mentira. Por isso, olha-me nos olhos e fala!

Thursday, March 24, 2011

Sócrates vs Sócrates



Visto (ouvido) à distância, é uma delícia...
Para avivar memórias!

Tuesday, March 22, 2011

As voltas do amor


Que o amor seja rocha falésia ou barco
No ir e vir de todas as marés
Onde te espero e quase sempre parto
Para me rebentar como onda a teus pés
Que o amor azul tenha todas as cores
Das sementes plantadas no teu jardim
E seja pintado por todas as flores
Que nasceram do amor que não tem fim
Que seja nada ou tudo que te escorre pelos dedos
Janela porta ponte segredo e vida
Inquietação do meu olhar já sem medos
Pois no teu abraço senti-me renascida.

Monday, March 21, 2011

Dia Mundial da Poesia, todos os Dias!

A Defesa do Poeta

Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto
Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim
Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes
Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei
Senhores professores que puseste
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição
Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis
Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além
Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs na ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?
Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho !
a poesia é para comer.

Natália Correia

Sunday, March 20, 2011

Música para um domingo



Porque a Luta continua...

Saturday, March 19, 2011

Thursday, March 17, 2011

É já no sábado!


A LUTA é de todos os dias.
Mas este Desfile é MUITO especial!
É mais um Sábado de LUTA, na rua.
E viremos para a rua as vezes necessárias.
Até que...

Wednesday, March 16, 2011

Poema destinado a haver Domingo


Bastam-me as cinco pontas de uma estrela
E a cor dum navio em movimento
E como ave, ficar parada a vê-la
E como flor, qualquer odor no vento.

Basta-me a lua ter aqui deixado
Um luminoso fio de cabelo
Para levar o céu todo enrolado
Na discreta ambição do meu novelo.

Só há espigas a crescer comigo
Numa seara para passear a pé
Esta distância achada pelo trigo
Que me dá só o pão daquilo que é.

Deixem ao dia a cama de um domingo
Para deitar um lírio que lhe sobre.
E a tarde cor-de-rosa de um flamingo
Seja o tecto da casa que me cobre

Baste o que o tempo traz na sua anilha
Como uma rosa traz Abril no seio.
E que o mar dê o fruto duma ilha
Onde o amor por fim tenha recreio.

Natália Correia
(13 de Setembro de 1923 - 16 de Março de 1993)

Sunday, March 13, 2011

O cinzento dos dias


Pode o cinzento dos dias carregar-me de negro
tirar-me as palavras dos dedos, os sonhos, o sorriso
pode o teu olhar fixar-se em mim, num segredo
que não existe, que rejeito, quando te quero riso
pode a chuva que cai anoitecer-me a alma
confundindo o que sinto ou gostaria de sentir
pode a ausência de luz cegar-me, que eu, calma
esperarei pelas manhãs claras do ir e vir
posso até deitar-me no teu silêncio, enfim
e aguardar que a chuva que me sai do peito
numa torrente de rio que não tem fim
acabe por me lavar de tudo o que não tem jeito
porque se o amor tem de acabar, assim,
que acabe, então, no estado mais-que-perfeito.

Saturday, March 12, 2011

Música para o fim-de-semana



Mourir pour des idées

Mourir pour des idées, l’idée est excellente
Moi j’ai failli mourir de ne l’avoir pas eu
Car tous ceux qui l’avaient, multitude accablante
En hurlant à la mort me sont tombés dessus
Ils ont su me convaincre et ma muse insolente
Abjurant ses erreurs, se rallie à leur foi
Avec un soupçon de réserve toutefois
Mourrons pour des idées, d’accord, mais de mort lente,
D’accord, mais de mort lente

Jugeant qu’il n’y a pas péril en la demeure
Allons vers l’autre monde en flânant en chemin
Car, à forcer l’allure, il arrive qu’on meure
Pour des idées n’ayant plus cours le lendemain
Or, s’il est une chose amère, désolante
En rendant l’âme à Dieu c’est bien de constater
Qu’on a fait fausse route, qu’on s’est trompé d’idée
Mourrons pour des idées, d’accord, mais de mort lente
D’accord, mais de mort lente

Les saint jean bouche d’or qui prêchent le martyre
Le plus souvent, d’ailleurs, s’attardent ici-bas
Mourir pour des idées, c’est le cas de le dire
C’est leur raison de vivre, ils ne s’en privent pas
Dans presque tous les camps on en voit qui supplantent
Bientôt Mathusalem dans la longévité
J’en conclus qu’ils doivent se dire, en aparté
"Mourrons pour des idées, d’accord, mais de mort lente
D’accord, mais de mort lente"

Des idées réclamant le fameux sacrifice
Les sectes de tout poil en offrent des séquelles
Et la question se pose aux victimes novices
Mourir pour des idées, c’est bien beau mais lesquelles?
Et comme toutes sont entre elles ressemblantes
Quand il les voit venir, avec leur gros drapeau
Le sage, en hésitant, tourne autour du tombeau
Mourrons pour des idées, d’accord, mais de mort lente
D’accord, mais de mort lente

Encor s’il suffisait de quelques hécatombes
Pour qu’enfin tout changeât, qu’enfin tout s’arrangeât
Depuis tant de "grands soirs" que tant de têtes tombent
Au paradis sur terre on y serait déjà
Mais l’âge d’or sans cesse est remis aux calendes
Les dieux ont toujours soif, n’en ont jamais assez
Et c’est la mort, la mort toujours recommencée
Mourrons pour des idées, d’accord, mais de mort lente
D’accord, mais de mort lente

O vous, les boutefeux, ô vous les bons apôtres
Mourez donc les premiers, nous vous cédons le pas
Mais de grâce, morbleu! laissez vivre les autres!
La vie est à peu près leur seul luxe ici bas
Car, enfin, la Camarde est assez vigilante
Elle n’a pas besoin qu’on lui tienne la faux
Plus de danse macabre autour des échafauds!
Mourrons pour des idées, d’accord, mais de mort lente
D’accord, mais de mort lente.


Georges Brassens

Wednesday, March 09, 2011

Sempre


Ainda que me faça ao mar sabes que fico. Sempre. Na água dos teus olhos.
Ainda que me faça ao mar sabes que canto. Sempre. A tua eterna canção.
Ainda que me faça ao mar sabes que chovo. Sempre. No amor que é dor.
Faço-me ao mar e navego em ti. Em cada centímetro da tua pele. No teu corpo feito espuma. Faço-me ao mar que me devolve ao areal. Aí te espero. E volto ao mar. E regresso-me. No vai e vem das nossas marés. Sempre. Sangue meu.

Tuesday, March 08, 2011

Tempo de Ary, de Mulher, de Abril, de Maio!



Bom dia, minha amiga, digo em Maio
Es uma rosa à beira de um tractor
Neste campo de Abril onde não caio
A nossa sementeira já deu flor.

Bom dia, minha amiga, eu sou um gaio,
Um pássaro liberto pela dor;
Tu és a companheira donde saio
Mais limpo de mim próprio, mais amor.

Bom dia, meu amor, estamos primeiro
Neste tempo de Maio a tempo inteiro,
Contra o tempo do ódio e do terror.

Se tu és camponesa, eu sou mineiro.
Se carregas no ventre um pioneiro,

Dentro de ti, eu fui trabalhador.

Ary dos Santos


Friday, March 04, 2011

6 de Março - 90º Aniversário do PCP

Deste-me a fraternidade para com o que não conheço.
Acrescentaste à minha a força de todos os que vivem.
Deste-me outra vez a pátria como se nascesse de novo.
Deste-me a liberdade que o solitário não tem.
Ensinaste-me a acender a bondade, como um fogo.
Deste-me a rectidão de que a árvore necessita.
Ensinaste-me a ver a unidade e a diversidade dos homens.
Mostraste-me como a dor de um indivíduo morre com a vitória de todos.
Ensinaste-me a dormir nas camas duras dos meus irmãos.
Fizeste-me edificar sobre a realidade como uma rocha.
Tornaste-me adversário do malvado e muro contra o frenético.
Fizeste-me ver a claridade do mundo e a possibilidade da alegria.
Tornaste-me indestrutível porque, graças a ti, não termino em mim mesmo.

Pablo Neruda

(90 anos de existência do meu Partido, 35 anos de militância!)