Wednesday, February 29, 2012

Monday, February 27, 2012

Escreve-me um poema



Escreve-me um poema. Um poema que fale de flores e de mar, de crianças e jardins, de rochas e de espuma, de canções e de rios. Solta as palavras que a tua voz não diz.
Escreve-as, na forma de um poema. Fala das aves e das montanhas, do silêncio e do azul do céu, das árvores e do grito, da água e da fonte. Mas solta as palavras que a tua voz não diz.
Escreve-me um poema. Fala-me do cheiro a terra molhada, do barulho da onda a rebentar, do choro de uma criança a nascer, da ternura do abraço, do olhar quente e doce, do beijo com sabor a mel e sal...
Solta as palavras que teimas calar e escreve-me um poema...

Saturday, February 25, 2012

Sátira aos homens quando estão com gripe

Pachos na testa, terço na mão

Uma botija, chá de limão

Zaragatoas, vinho com mel

Três aspirinas, creme na pele

Grito de medo, chamo a mulher

Ai Lurdes, Lurdes, que vou morrer

Mede-me a febre, olha-me a goela

Cala os miúdos, fecha a janela

Não quero canja, nem a salada

Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada

Se tu sonhasses, como me sinto

Já vejo a morte, nunca te minto

Já vejo o inferno, chamas diabos

Anjos estranhos, cornos e rabos

Vejo os demónios, nas suas danças

Tigres sem listras, bodes de tranças

Choros de coruja, risos de grilo

Ai Lurdes, Lurdes, que foi aquilo!

Não é a chuva, no meu postigo

Ai Lurdes, Lurdes, fica comigo

Não é o vento, a cirandar

Nem são as vozes, que vêm do mar

Não é o pingo de uma torneira

Põe-me a santinha, à cabeceira

Compõe-me a colcha, fala ao prior

Pousa o Jesus, no cobertor

Chama o doutor, passa a chamada

Ai Lurdes, Lurdes, nem dás por nada

Faz-me tisanas, e pão-de-ló

Não te levantes, que fico só

Aqui sozinho a apodrecer

Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.


(António Lobo Antunes)

Zeca, Sempre!

Friday, February 24, 2012

Thursday, February 23, 2012

Zeca, Sempre!



Faz hoje 25 anos que nos deixaste, Zeca.
E fazes-nos tanta falta...

Wednesday, February 22, 2012

Tuesday, February 21, 2012

Monday, February 20, 2012

Zeca, Sempre!



Esta semana será toda dedicada a Zeca Afonso!
Assinalo assim os 25 anos do seu desaparecimento físico.

Friday, February 17, 2012

Música para o fim-de-semana



O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz implorar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os tremores me vêm agitar
E todos os suores me vêm encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz suplicar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo

(Chico Buarque)

Wednesday, February 15, 2012

Solto...


Pudesse eu ser do outro lado a voz que te chama
ou noite ou vento ou chuva ou mar revolto
talvez viesses e o teu abraço aqueceria a nossa cama
para depois do momento perfeito te querer sempre solto...


Monday, February 13, 2012

Madrugar


Para se encontrar o madrugar é preciso um grande amor. Porque o madrugar que nos entra pelos poros pode ficar na pele ou cair em gotas de orvalho. E às vezes o grande amor não está, apenas é. E porque o tempo continua a ser o mesmo tempo, com tempo, solta o rio de ternura e deixa que procure o caminho até à foz. A que lhe pertence, porque ele a escolheu. Assim acontece um grande amor. E assim se encontra o madrugar, em ti...

Sunday, February 12, 2012

Música para este domingo



A luta vai ser dura companheiro
Mas nada mudará o rumo à história
Lutando pela paz no mundo inteiro
Nós temos a certeza da vitória

A luta vai ser dura camarada
Mas nada se conquista sem canseira
Com o sangue vertido na jornada
Faremos palmo a palmo a sementeira

Por cada voz calada
Mil vozes vão nascer
gritando a força deste povo
Que não se vai render

A luta vai ser longa companheiro
Mas quem sabe esperar não desespera
Teremos de lutar de corpo inteiro
Pois temos o futuro à nossa espera

A luta vai ser longa camarada
Mas cada passo em frente é mais um passo
Havemos de vencer a caminhada
Que o povo não se vence pelo cansaço

Por cada voz calada
Mil vozes vão nascer
gritando a força deste povo
Que não se vai render

A luta vai ser dura companheiro
Mas nada mudará o rumo à história
Lutando pela paz no mundo inteiro
Nós temos a certeza da vitória

Por cada voz calada
Mil vozes vão nascer
gritando a força deste povo
Que não se vai render!

Saturday, February 11, 2012

HOJE é dia de LUTA, todos os dias!




Dos Restauradores, mas também de Sta. Apolónia, Cais do Sodré e Martim Moniz, todos a desfilar para o Terreiro do Paço.

Vamos fazer do Terreiro do Paço o TERREIRO DO POVO!!!

Thursday, February 09, 2012

Maré

Cada grão de areia que se escapa pelos dedos é um segundo que se vai. Na maré de todos os sonhos.
Cada vez que respiramos ar ou vento é menos uma vez que o fazemos. Na maré de todas as ilusões.
Cada poro de pele que te respira em forma de poema é um labirinto. Que se abre em maré. Na certeza de todas as realidades.

Monday, February 06, 2012

Solidão

O tempo é renda tecida na espuma das ondas que rebentam do teu olhar quando te fazes rio olhando o céu
A vida é o sorriso que te desperta todas as manhãs olhando o mar quando acordas de mais uma noite de breu
O sonho é sangue fervente que te corre nas veias sem parar. Mais uma canção para cantar. Um estremecer de inquietação. E nas tuas mãos o meu coração.
Quem te disse que estás em solidão?

Saturday, February 04, 2012

Música para o fim-de-semana




TODA UNA VIDA

Toda una vida me estaría contigo,
no me importa en qué forma,
ni dónde, ni cómo, pero junto a tí.

Toda una vida te estaría mimando,
te estaría cuidando como cuido mi vida,
que la vivo por tí.

No me cansaría de decirte siempre,
pero siempre, siempre,
que eres en mi vida ansiedad,
angustia, desesperación.

Toda una vida me estaría contigo,
no me importa en qué forma,
ni dónde, ni cómo, pero junto a tí.

No me cansaría de decirte siempre,
pero siempre, siempre,
que eres en mi vida ansiedad,
angustia, desesperación.

Toda una vida me estaría contigo,
no me importa en qué forma,
ni dónde, ni cómo, pero junto a tí.



Saudades deste som!!!

Thursday, February 02, 2012

Para os Amigos do lado de lá do Oceano




Canto de Iemanjá

Iemanjá, lemanjá
lemanjá é dona Janaína que vem
Iemanjá, Iemanjá
lemanjá é muita tristeza que vem

Vem do luar no céu
Vem do luar
No mar coberto de flor, meu bem
De Iemanjá
De lemanjá a cantar o amor
E a se mirar
Na lua triste no céu, meu bem
Triste no mar

Se você quiser amar
Se você quiser amor
Vem comigo a Salvador
Para ouvir lemanjá

A cantar, na maré que vai
E na maré que vem
Do fim, mais do fim, do mar
Bem mais além
Bem mais além
Do que o fim do mar
Bem mais além

Vinicius de Moraes


Era aqui que eu queria estar hoje. Ver esta festa que apenas imagino, mas que sei ser muito bonita. Pode ser que para o ano, ou outro, quem sabe...
Divirtam-se aí, no Rio Vermelho, Família Soteropolitana!

Wednesday, February 01, 2012

Nunca fui às Berlengas...



(video de João Egreja)

Para a Ana Teresa, que faz hoje anos!
:)